Muitos pais prometem
comprar algo aos filhos, como prémio pelas boas notas no final do período
escolar. Os presentes materiais são os mais comuns, e vão desde o objeto mais
simples até ao gadget mais caro do mercado.
Teresa P. Marques
Normalmente as boas notas dão lugar a um prémio, as más notas,
habitualmente, são punidas com castigos. As sanções incluem, por exemplo,
proibir durante um certo período de tempo o acesso ao computador, à Internet ou
a jogos, assim como retirar o telemóvel, não deixar sair com os amigos ou ver
televisão.
Contudo, através deste tipo de atitudes, os pais deixam bem
claro que estão a valorizar fundamentalmente os resultados. Seria bastante mais
pedagógico para os mais novos que fosse apreciado o esforço, a dedicação e o
empenho, ou seja, que o processo é que estivesse sob observação e não apenas o
produto final.
No fundo, são os processos que dão origem aos resultados e,
como todos sabemos, com frequência, alguns resultados, apesar de satisfatórios,
dissimulam uma falta de organização e estratégia de trabalho.
Isto não impede que, a qualquer momento, os pais queiram
reconhecer o seu trabalho e dar-lhe um prémio, mas não deve ser o elemento
regulador ou o estímulo principal para o jovem.
Castigo ou prémio, o que os pais deverão
fazer?
É claramente preferível optar pelo elogio/incentivo do que
pela oferta de algo material. O elogio fortalece a auto estima, enquanto a
gratificação pode ser internamente confundida com uma compra, neste caso, a
compra das notas escolares. Além do mais, o uso excessivo da recompensa pode
gerar dependências e, assim sendo, a partir de um certo momento, o aluno passa
a querer atingir determinado patamar de resultados apenas porque sabe que isso
lhe vai conceder privilégios especiais da parte dos pais.
Esta ideia constitui uma inversão total da mensagem que
deverá ser interiorizada pelos mais novos, ou seja, é vital transmitir-lhes que
deverão ter boas notas para se sentirem realizados academicamente e não pelas
consequências externas que estas podem acarretar. Há que estimular nos mais
novos o gosto pelo conhecimento, a valorização do trabalho e do estudo, já que
estes constituem fatores de extrema importância para o seu desenvolvimento como
pessoas.
Assim, face a um resultado negativo:
- a primeira coisa é analisar, em conjunto com o jovem, as
causas que levaram a essas classificações. Este passo é essencial para
encontrar possíveis soluções para a situação de fracasso escolar.
- é importante recorrer também aos professores para a mesma
análise e ter em atenção as recomendações e diretrizes fornecidas para melhorar
o seu desempenho.
Caso os pais concluam que houve desinteresse e desleixo e,
por isso, decidam impor uma sanção, é essencial que haja um acordo entre ambos
os progenitores para que não se desautorizem mutuamente.
É preciso não perder de vista que o objetivo deve ser que o
jovem adquira um sentido de responsabilidade e que perceba que os seus atos têm
consequências e é preciso enfrentá-las!
Para que isto se torne possível, muito contribui também a
coerência existente entre a natureza da sanção e a razão pela qual foi imposta.
É muito mais lógico, por exemplo, que a punição seja organizar o dossier e
passar as aulas que estão em atraso do que privá-lo de ir praticar desporto.
A parentalidade não é
uma tarefa fácil e ninguém nos dá a fórmula mágica quando nos tornamos pais.
IN Pais & Filhos, a
15/03/2021
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